quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Pasquim Iati

Um jornal para quem tem um parafuso a mais Ano I nº. VI outubro de 2007.


"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você" (Friedrich Nietzsche)



Veritas


É fato, a maioria das pessoas, pelo menos que eu conheço, adoram dar uma de sábias, criando frases do tipo: “A verdadeira sabedoria está oculta... e blá blá blá! E põem no MSN, orkut. Todos nós nos apoiamos em algumas certezas e temos opinião formada sobre determinados assuntos; é inevitável e necessário! Há aqueles que não chegam a formular o que conhecem e sabem, mas há outros que, pelo contrário, têm opiniões formadas sobre tudo ou quase tudo, esse é o meu caso. Até aí nada de mais; o problema é quando o cara se convence de que suas opiniões são as únicas verdadeiras e, portanto, incontestáveis. Se ele se defronta com outro imbuído da mesma certeza, arma-se um barraco.
De qualquer maneira, se trata de um indivíduo que se julga dono da verdade, a coisa não vai além de algumas discussões acaloradas, que podem até chegar a ofensas pessoais. O problema se agrava quando o dono da verdade tem lábia, carisma e se considera salvador da pátria. Dependendo das circunstâncias, ele pode empolgar milhões de pessoas e se tornar, vamos dizer, um “führer”.
As pessoas necessitam de verdades e, se surge alguém dizendo as verdades que elas querem ouvir, adotam-no como líder ou profeta e passam a pensar e agir conforme o que ele diga. Hitler foi um exemplo quase inacreditável de um líder carismático que levou uma nação inteira ao estado de hipnose e seus partidários à prática de crimes estarrecedores.
A loucura torna-se lógica quando a verdade torna-se indiscutível. Foi o que ocorreu também durante a Inquisição: para salvar a alma de um coitado, os sacerdotes exigiam que ele admitisse estar possuído pelo diabo; se não admitia, era torturado para confessar e, se confessava, era queimado na fogueira, pois só assim sua alma seria salva. Tudo muito lógico. Foi também em nome do bem – desta vez não do bem espiritual, mas do bem social – que os fanáticos seguidores de Pol Pot levaram à morte milhões de seus irmãos. Os comunistas do Khmer Vermelho haviam aprendido marxismo em Paris não sei com que professor que lhes ensinara o caminho para salvar o país: transferir a maior parte da população urbana para o campo. Detentores de tal verdade, ocuparam militarmente as cidades e obrigaram os moradores de determinados bairros a deixarem imediatamente suas casas e rumarem para o interior do país. Quem não obedeceu foi executado e os que obedeceram, ao chegarem ao campo, não tinham casa onde morar nem o que comer e, assim, morreram de inanição. Enquanto isso, Pol Pot e seus seguidores vibravam cheios de certeza revolucionária.
É inconcebível o que os homens podem fazer levados por uma convicção, mas não cansamos de nos espantar com a reação, às vezes sem limites, a que as pessoas são levadas por suas convicções. E isso me faz achar que um pouco de dúvida não faz mal a ninguém. Como dizia Ferreira Gullar: Aos “messias” e seus seguidores, prefiro os homens tolerantes, para quem as verdades são provisórias, fruto mais do consenso que de certezas inquestionáveis.

(Márcio José)


A legalização do aborto

E naquele dia,
o seu filho nasceu para dentro.
E quanto mais o tempo passava,
mais o menino crescia:
esbarrando no seu coração.

(Rita Apoena)


Passeia por todos os campos, político, religioso, moral, jurídico, cientifico, filosófico: a discussão sobre a legalização do aborto. A que ponto a lei poderá assegurar os direitos do cidadão, enfatizando sobretudo os das mulheres. Será a mulher dona do seu próprio corpo?
As instituições, ongs, entre outras vertentes feministas, lutam incansavelmente pela inclusão da mulher, seja no mercado de trabalho, ou senão numa convivência igualitária. Uma das lutas que se destaca, por se tratar de um tema polêmico, é o da legalização do aborto. Argumentam que a mulher é tratada apenas como um mero reprodutor, a responsável pela continuidade humana. A mulher não tem direito nem ao menos ao próprio corpo.
Tal posicionamento extremo é uma forma de defesa de mulheres que enfrentam e enfrentaram uma sociedade machista. Por isso mesmo que há uma contrariedade em determinadas lutas. Buscam legalizar um crime infame, contra um ser indefeso. Pois sim, a mulher é dona de seu corpo, legalizem. Todas agora terão o direito de matar, e não serão penalizadas, e melhor, não terão inimigos, sendo elas mesmas, “parentes mais próximos”, não darão trabalho algum, pois não haverá velório.
Não sendo também radical, abre-se exceção para acéfalos, bebês com ausência de cérebro, pois em 100% dos casos não chegam a viver. Entretanto, mesmo em casos de estupro o crime é cometido da mesma forma. O moralista diz que é desonroso, o político diz que é pela taxa de natalidade, o religioso que é pecado, e o filosofo dirá que não existe verdade absoluta. Com tudo isso, não deixa de ser um dos piores crimes.

A foto abaixo se trata de uma cirurgia feita nos EUA. É uma cirurgia na espinha bífica do feto, sem a sua retirada do ovário, sendo que se fosse retirado morreria. Por ser uma cirurgia muito delicada e uma inovação na medicina foi registrada por um fotógrafo. Essa imagem comoveu e comove muitas pessoas. A luta pela vida de um bebê, este que está segurando a mão do médico, talvez como um sinal de agradecimento por esses pais que foram até as ultimas possibilidades para a sobrevivência de seu filho.

(Elza Nayara)

3 comentários:

'JυυਮCipяiคиo' disse...

e verdade
totalmente contra aborto;e contra quem tem filho na pré-adolescenciia sem um bom psicologicoo para cuidar!

Anônimo disse...

(Veritas)
"Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim"

Imagine quantas pessoas aceitam essa verdade!
E você também a aceita?

(Alegalização do Aborto)
É preciso que se tenha cosciência que existe um bem maior face aos direitos estabelecidos,(a vida). O direto à vida está acima de qualquer direito, sou contra o aborto da forma como querem estabelecê-lo, mas isso é uma discussão que requer muito cuidado, é preciso analisar essa questão de ambos os lados.

Pasquim Iati disse...

leia-se anencéfalos, ao invésde acéfalos