quinta-feira, 7 de junho de 2007

Pasquim Iati

Um jornal para quem tem um parafuso a mais Ano I nº.II Junho 2007.


Mas a poeira é só a vontade
que o chão tem de voar.”
Rita Apoena


Por que há tantos ladrões no Brasil?

Ah... Miséria, falta de emprego. Mas não é só isso. Não falo dos ladrões de galinha, falo dos chafarizes de corruptos que jorram de dentro da coisa pública, falo das dezenas de PDPs que dirigem partidos, autarquias, sempre roubando. Calcula-se em R$ 74 bilhões por ano, o total da “mão grande” no dinheiro público.

Cada gatuno tem uma desculpa. A maioria rouba por prazer e vingança. É comum o larápio que rouba para se vingar de uma humilhação de pobreza, às vezes traumas infantis: “me pegaram no porão e me comeram, por isso hoje eu roubo.” São os ladrões com justa causa. Há ladrões de todo tipo.

Há o ladrão esportivo, que rouba pela adrenalina, é melhor que saltar de bungee-jump

Há os ladrões populistas, políticos que “amam o povo” e que conseguem ficar sempre limpinhos. São os ladrões “teflon” – nada gruda neles.

Há o ladrão com anel de doutor, conhecedor dos meandros, frestas dos códigos. Sabe dos recursos infindáveis, embargos. A Polícia Federal prende, e a lei solta.

Há o ladrão patriótico, defensor de uma moralidade ao avesso: “Você acha que vou pagar imposto para sustentar marajás vagabundos? Eu não! Embolso a grana e ainda processo a União.”

Atitude parecida é a do larápio nacionalista que diz de peito inflado e testa alta: “Eu roubo porque não vou deixar aí essa grana para pagar o FMI!”

Há ladrões com perspectiva histórica pessimista. Suspiram: “Não há nada o que fazer... o mundo sempre foi assim.” E tacam a mão no dinheiro público.

Há também gatunos gelados, psicopatas, que sentem orgulho ao suportar o sentimento de culpa que lhes bate na consciência quando, digamos, roubam verbas de criancinhas com câncer, indo depois para casa, onde os filhinhos assistem desenho animado na TV.

há ladrões, patifes, chantagistas, pandilhas, intelectuais, que discutem com profundidade: “Este país foi feito assim, na vala entre o público e o privado. Há uma grandeza na apropriação indébita. A bosta não produz flores magníficas? Pois é... o Brasil foi construído com esse fertilizante. O crescimento desse país se deve à roubalheira secular. Roubo também é cultura...”

(Márcio José)

Atualidade As drogas e a (i)legalidade!

Comida dos deuses ou maldição do diabo? Hábito natural ou desvio da sociedade moderna?

Não há assunto certo ou fácil quando o tema são as drogas। As pesquisas de opinião
refletem essa ambigüidade. Quando abordam o tema, em geral mostram que estamos longe de um consenso. Mas afinal, o que é droga? Depende! Do ponto de vista médico, “drogas são substâncias usadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional”. Essa definição inclui maconha, cocaína e heroína, mas também café, chocolate e Prozac, sem falar no álcool e no cigarro. Do ponto de vista legal e jurídico, existem as drogas livres, que qualquer um pode comprar sem controle (álcool e cigarro); as de uso controlado (que podem ser compradas com receita médica); e as ilegais. O que impressiona é que não há nenhum critério técnico que justifique a inclusão das substâncias em uma ou outra categoria. Heroína e cocaína causam dependência? Sim. Mas a nicotina, presente no cigarro que qualquer um com mais de 18 anos pode comprar na esquina, é, disparada, a droga com maior poder de criar dependência. Segundo a ONU, 1,5 bilhão de pessoas sofrem de alcoolismo, contra 55 milhões de dependentes de drogas ilegais. As drogas ilegais são proibidas porque causam danos à saúde? Evidente. Mas álcool e cigarro são as substâncias que mais matam no Brasil. Se elas não são proibidas, é porque algo está errado! Não há lógica nenhuma na legalização ou não. Na verdade, a classificação das drogas muda de acordo com o lugar e o momento. A maconha foi proibida, entre outras razões, por pressão da indústria farmacêutica, que produzia substâncias que disputavam com a erva. A primeira referência à maconha aparece num tratado médico chinês de 2737 antes de Cristo. No Brasil ela teria sido trazida logo após 1500. Os problemas com as drogas começaram com a multiplicação dos casos de abuso e dependência, em geral pacientes de meia-idade que se viciavam no remédio ou trabalhadores que procuravam alívio para sua vida diária. Já no século XVII, médicos alertavam para os perigos do ópio e, no final do século XIX, muitos pararam de prescrever a cocaína. Mas havia tônicos vendidos sem receita cuja composição era 99,9% cocaína. Em 1884, o americano John Pemberton inventou uma mistura de vinho, folhas de coca e grãos de kola, um tipo de tranqüilizante para os americanos, “o povo mais nervoso do mundo”, segundo seus anúncios. O álcool foi retirado da fórmula em 1886. Em 1901, foi a vez da coca. Mas a bebida manteve o ótimo nome que havia recebido: Coca-Cola. Era preciso uma regulamentação e logo surgiram as primeiras. Mas o rigor e a maneira como elas foram adotadas revelam outros interesses além de proteger a população. Havia muito racismo. Nos Estados Unidos, as campanhas alertavam que os negros enlouquecidos pela cocaína e os chineses sob efeito do ópio podiam fazer mal às mulheres brancas. E havia motivos econômicos, é claro. A fibra de cânhamo, derivada da maconha, concorria com fibras sintéticas recém-descobertas. Além disso, algumas drogas eram um obstáculo à sociedade industrial. “Até o início do século XX, a resposta oficial às drogas dependia se elas aumentavam ou não a produtividade humana”, diz o historiador inglês Richard Davenport-Hines. Não por acaso, as primeiras idéias de proibir o uso miravam só os trabalhadores. As drogas minavam sua capacidade de produzir. O conhecimento humano ainda não permite saber, de antemão, quem vai virar dependente de uma substância. Mas as pistas indicam que os dependentes de droga têm dificuldades em sentir prazer e encontram nas drogas um alívio para o sofrimento que os atormenta emocionalmente. O uso precoce é um dos fatores de risco mais importantes. Até os 16 ou 18 anos, a personalidade do jovem ainda não está desenvolvida, ele ainda está tentando encontrar sua forma de se relacionar com o mundo. Oferecer a ele uma fonte instantânea de prazer pode ofuscar sua visão para outros mecanismos saudáveis que, tanto quanto as drogas, têm o poder de alterar sua consciência e seus sentimentos, como os esportes, os estudos e as atividades artísticas. Famílias pouco afetivas também povoam o histórico de muitos usuários regulares. É como se o sujeito possuísse um déficit afetivo, uma sede do prazer negado pela família। Essa lacuna ele vai ocupar de alguma maneira, muitas vezes com drogas. (Márcio José)

Violência
Moramos em uma cidade pacata। Em Iati, todos se conhecem, não há nada que ocorra que a população não esteja sabendo. Nas janelas são mulheres, nas calçadas seus maridos; todos comentando suas diárias peculiaridades. Essa é uma típica visão de uma cidade pequena, tranqüila e sem grandes problemas sociais. Todavia, estamos falando do interior nordestino, interior de Pernambuco, ou melhor, do sertão pernambucano. Este que por sua vez, tem em sua história, uma cultura de subordinação a coronéis, cangaceiros que se denominavam justiceiros, de um faroeste caboclo esquecido e desprovido de leis que garantisse a segurança daqueles que não eram nem coronéis, nem justiceiros, ou seja: o povo. Esse texto parece bem atual em nossa cidade. Entretanto, não existe mais esta nomenclatura. O que percebe-se é que apenas os nomes mudaram, e que em pleno século 21 ainda haja este receio do povo sertanejo, com relação a sua própria segurança. (Elza Nayara)

O auto de natal, “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, diz muito sobre esta realidade, vejam um trecho:

— A quem estais carregando,
irmãos das almas,
embrulhado nessa rede?
dizei que eu saiba.

— A um defunto de nada,
irmão das almas,
que há muitas horas viaja
à sua morada.

— E sabeis quem era ele,
irmãos das almas,
sabeis como ele se chama
ou se chamava?

— Severino Lavrador,
irmão das almas,
Severino Lavrador,
mas já não lavra.

— E de onde que o estais trazendo,
irmãos das almas,
onde foi que começou
vossa jornada?

— Onde a caatinga é mais seca,
irmão das almas,
onde uma terra que não dá
nem planta brava.

— E foi morrida essa morte,
irmãos das almas,
essa foi morte morrida
ou foi matada?

— Até que não foi morrida,
irmão das almas,
esta foi morte matada,
numa emboscada.

— E o que guardava a emboscada,
irmão das almas
e com que foi que o mataram,
com faca ou bala?

— Este foi morto de bala,
irmão das almas,
mas garantido é de bala,
mais longe vara.

— E quem foi que o emboscou,
irmãos das almas,
quem contra ele soltou
essa ave-bala?

— Ali é difícil dizer,
irmão das almas,
sempre há uma bala voando
desocupada.

— E o que havia ele feito
irmãos das almas,
e o que havia ele feito
contra a tal pássara?

— Ter um hectares de terra,
irmão das almas,
de pedra e areia lavada
que cultivava.

— Mas que roças que ele tinha,
irmãos das almas
que podia ele plantar
na pedra avara?

— Nos magros lábios de areia,
irmão das almas,
os intervalos das pedras,
plantava palha.

— E era grande sua lavoura,
irmãos das almas,
lavoura de muitas covas,
tão cobiçada?

— Tinha somente dez quadras,
irmão das almas,
todas nos ombros da serra,
nenhuma várzea.

— Mas então por que o mataram,
irmãos das almas,
mas então por que o mataram
com espingarda?

— Queria mais espalhar-se,
irmão das almas,
queria voar mais livre
essa ave-bala.

— E agora o que passará,
irmãos das almas,
o que é que acontecerá
contra a espingarda?

— Mais campo tem para soltar,
irmão das almas,
tem mais onde fazer voar as filhas-bala

Espaço destinado aos leitores

Flávia: ainda há tempo!
enquanto em nosso país existir jovens criativos e críticos, jovens que ñ se deixam levar por covardias e corrupções políticas, jovens assim como vcs q ainda tentam resgatar a vida da nossa quase inexistente cidadezinha sinto-me bravamente fortalecida,pois acredito q com essa nova geração de jovens pensantes e atuantes q se manifesta em nossa cidade muita coisa boa ainda há de acontecer neste município.Ainda tenho esperança de ver esta cidade REVITALIZADA,REVIGORADA E EMFIM O MAIS IMORTANTE REEDUCADA.MEUS CAROS JOVENS IATIENSES,NÃO DESISTAM DESSA LUTA POIS AINDA HÁ TEMPO!

3 comentários:

Pasquim Iati disse...

olha so, agora posso fazer comentario!

Wagner Marques disse...

é, falndo em problemas sociais em nosso país só me dá vontade de rir...
abraço.

Anônimo disse...

Eh Marcio! Gostei muito dos textos, principalmente da ironia típica de todo aquele q faz ou fez HIstória. Parabéns! Beijos